maio 29, 2007

Maria Antonieta



Maria Antonieta é uma livre interpretação que Sofia Copolla faz sobre a Rainha Francesa que viveu o apogeu dos excessos de uma vida monárquica até a derrocada da Revolução Francesa.
Esqueça esmero em fatos históricos nem mesmo o figurino habitualmente o forte em filmes “de época” que seguem uma cartilha, aqui não são reproduzidos. Segundo a figurinista Milena Canoneiro “Fizemos uma releitura dos figurinos da época, mas não os reconstituímos fielmente, deliramos e nasceu então uma série de roupas inspiradas em doces, os mesmos deliciados pelos personagens no filme”. A vida de uma rainha? Política? História? Vocês ainda não viram Danton, o processo da revolução?
Copolla também delirou e criou um delicado e suntuoso retrato sobre a passagem de uma adolescente para vida adulta. Portanto não se trata de um filme de época, mas uma contemporânea crônica sobre uma jovem rica, famosa e invejada, que vive seus excessos e paga no fim por eles. Temos então a Diva em seu palácio (uma espécie de ilha de caras), ela ora está se embriagando em festas com champanhe em outros momentos jogando cartas ou ainda fumando cigarros que lembram “baseados”. Ao meio de tudo isso a diretora registra seu estilo: economia de diálogos, closes em objetos de cena e o feminino como tema, isso sendo levado ao ápice na cena final.
Acusado de vazio, banal, meramente estético, fútil e equivocado ganhou uma sonora vaia no final de sua exibição em Cannes, o que talvez comprove a incapacidade dos espectadores de ver a desconstrução de seus ícones? Trata-se de um filme pop, lúdico e rococó que traduz, como mesmo depois de séculos a sociedade sustenta certos vícios como o sexismo, a devoção por celebridades forjadas. Antes eram os ilustres membros da monarquia, hoje são as personalidades fabricadas da mídia de entretenimento.
Não poderia ser mais atual e conectado ao nosso tempo. Com uma trilha que constrói um espírito de época! De Gang of Four a Air, não a um instante de deslize. Maria Antonieta é Roots.